As mulheres no mercado de trabalho e a equidade | ARTIGO
Ainda que o mundo tenha verificado importantes avanços na participação feminina no mercado de trabalho, ainda há muito a evoluir. Menos de 50% das mulheres em idade ativa estão efetivamente empregadas. O número pouco mudou no último quarto de século, de acordo com um relatório The World's Women 2020 Trends and Statistics, da Organização das Nações Unidas (ONU), que já considerou os impactos da pandemia da Covid-19. O trabalho doméstico não remunerado e os cuidados com familiares recai de forma desproporcional sobre as mulheres, limitando seu potencial econômico. Segundo o relatório, a pandemia afetou ainda mais os empregos e os meios de subsistência das mulheres. Mesmo que o trabalho doméstico tenha se intensificado para homens e mulheres durante a pandemia, o sexo feminino continua exercendo papel preponderante nas atividades do lar. Em média, as mulheres, em todo o mundo, gastam cerca de três vezes mais horas em trabalhos não remunerados, como os domésticos e de cuidados do que os homens (4,2 horas em comparação com 1,7). Essa distribuição desigual impede que as mulheres participem do mercado de trabalho de forma igualitária. Em 2020, apenas 47% das mulheres em idade ativa participavam do mercado de trabalho, em comparação com 74% dos homens – uma diferença de gênero que se manteve relativamente constante desde 1995. No Sul da Ásia, Norte da África e Ásia Ocidental, o número é ainda menor, com menos de 30% das mulheres participando do mercado de trabalho.
Mulheres estudam mais, mas comandam menos Segundo o estudo, o mundo fez progressos substanciais para alcançar a educação primária universal, com meninas e meninos participando igualmente na educação primária na maioria das regiões. No ensino superior, as mulheres superam os homens, e as matrículas estão aumentando mais rapidamente para as mulheres do que para os homens. Contudo, em termos de comando e tomada de decisão, as mulheres ocupavam apenas 28% dos cargos gerenciais em todo o mundo em 2019 – quase a mesma proporção de 1995. As mulheres também continuam sub-representadas nas áreas como ciência, tecnologia, engenharia e matemática, chegando a um pouco mais de 35% dos graduados do mundo. Elas também são minoria na pesquisa e desenvolvimento científico, representando menos de um terço dos pesquisadores do mundo. Na vida política, embora o número de mulheres no parlamento tenha mais que dobrado globalmente, ainda não ultrapassou a barreira de 25% dos assentos parlamentares em 2020. A representação das mulheres entre os ministros quadruplicou nos últimos 25 anos, mas permanece bem abaixo da paridade em 22%. No Brasil, com as recentes eleições, as mulheres vão responder por 17,7% das cadeiras da Câmara dos Deputados, embora o sexo feminino corresponda a 52% do eleitorado brasileiro.
Presença em trabalhos tradicionalmente masculinos Por questões históricas e culturais, a presença feminina em algumas profissões ainda é pequena. No nosso negócio, que envolve segurança e movimentação de numerário, os homens ainda representam a maioria, mas essa realidade tende a mudar com o tempo. Hoje temos 2.773 vigilantes, dos quais 43 são mulheres. Apesar de o número ainda ser baixo, temos o objetivo de ampliá-lo e estamos em busca de mulheres para atuarem na área operacional. Uma de nossas vigilantes, inclusive, está se especializando e realizando cursos obrigatório da categoria para se tornar a primeira motorista feminina de carro-forte da companhia. Aliás, a diversidade é uma das prioridades da nossa gestão. Com base na percepção da necessidade de ampliar o espaço para todos, lançamos um Guia de Diversidade, feito para todos os sete mil colaboradores diretos do grupo, com o propósito de ampliar a discussão sobre temas relacionados às diferenças e à inclusão. Alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU, o guia foi elaborado em conjunto com o Grupo de Diversidade da companhia e se divide em sete pilares: Raça e Etnia, Gênero e Sexualidade, Pessoas com Deficiência, Gerações, Diversidade Cultural e Religiões.
Estímulos e equidade Mas não podemos andar sozinhos, pois a mudança deve ser apoiada por toda a sociedade. Com a colaboração, envolvimento e estímulo dos parceiros das mulheres, empresas e governos, a participação feminina no mercado de trabalho brasileiro tende a crescer. No âmbito nacional, destacamos a entrada em vigor das regras definitivas do programa “Emprega + Mulheres”, que promove a inserção e a manutenção das mulheres no mercado de trabalho, por meio do estímulo à aprendizagem profissional e de medidas de apoio aos cuidados dos filhos pequenos, a chamada parentalidade na primeira infância. A Lei 14.457/2022 que cria o programa e altera a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) foi sancionada em setembro de 2022. Para um avanço real e concreto, além dos estímulos legais, entendemos que também é imprescindível o entendimento do termo equidade por toda a sociedade. Enquanto a igualdade prevê um tratamento igual e que todos devem ser regidos pelos mesmos diretos e deveres, a equidade tem um significado ainda mais amplo e justo. Ela prevê que o tratamento em relação à determinada pessoa deve ser com base nas suas características e necessidades específicas, como já prevê o Estatuto da Pessoa com Deficiência, por exemplo. Com a equidade, reconhecemos que a mulher tem, especialmente, um papel essencial na geração da vida, na amamentação e também tem uma estrutura física mais frágil, que limita a sua força até certo ponto. Por essas e outras razões, vemos que a mulher merece um tratamento com equidade. Contudo, jamais isso pode ser visto como uma limitação. Pelo contrário. Estudos já mostraram que as mulheres tem muitos atributos que podem ser fortalezas no mercado de trabalho. Se com menos de um século que essas mudanças começaram, já vimos tantas contribuições femininas para o avanço da sociedade, imagina o quanto ainda tem a ser descoberto em relação as potencialidades do sexo feminino no mercado de trabalho. Você tem alguma dúvida disso?