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ARTIGO - Open Banking e seus impactos no futuro do sistema financeiro

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01 de fevereiro 2022

Open Banking é um novo conceito de sistema financeiro. O ponto de partida é o cliente. Como proprietários, eles gerenciam seus próprios dados - que antes eram armazenados nos bancos. Esses usuários determinam quais dados desejam compartilhar e com quem. Com diversos modelos sendo implementados e operacionalizados ao redor do mundo, diferentemente de um meio de pagamento, que transforma a experiência do usuário, o modelo tem potencial para transformar a sociedade.

Conceito O Open Banking é um novo conceito de sistema financeiro que permite que os clientes bancários compartilhem suas informações cadastrais e de transações com diferentes instituições regulamentadas, além de permitir a movimentação de contas bancárias de diferentes plataformas, e não mais apenas por meio do aplicativo ou site da instituição financeira.

Os clientes são o ponto de partida do Open Banking. Como proprietários, eles podem gerenciar seus próprios dados – que hoje são armazenados dentro dos bancos. Esses usuários poderão determinar quais dados desejam compartilhar e para quem.

Diferenças entre o modelo brasileiro e o mundo No Brasil, a legislação sobre o Open Banking foi publicada em maio de 2020, determinando que 13 bancos estejam em produção até o final de 2021. No entanto, esse prazo foi alterado algumas vezes e a expectativa é que todo o Open Banking esteja em vigor somente em 2024. Segundo o Banco Central do Brasil, o objetivo do novo sistema é aumentar a eficiência, diminuir o custo de prestação de serviços financeiros e aumentar a concorrência.

Na Comunidade Europeia, o parlamento publicou em 2015 uma diretiva conhecida como PSD2, que se aplica a todos os provedores de contas de pagamento. No entanto, diferentemente do Brasil, o PSD2 não exigiu a criação de padrões comuns de integração. Assim, os bancos disponibilizaram seus dados com diferentes padrões técnicos, criando uma camada adicional de complexidade para as ferramentas de agregação de contas, por exemplo. Mas, assim como na implementação brasileira, o PSD2 só abre o acesso aos dados dos clientes para instituições regulamentadas.

Já no Reino Unido, o Open Banking tem suas raízes em uma investigação conduzida pela Autoridade de Concorrência Monetária sobre a concorrência no mercado bancário. A conclusão foi que a melhor forma de estimular o mercado financeiro era abrir os dados bancários para uma ampla gama de prestadores de serviços. Sujeitas a diversos requisitos e certificações, e por meio de processos de “lista de permissões”, instituições não regulamentadas também podem fazer parte do ecossistema.

Existem outras iniciativas. Vale destacar a experiência australiana, lançada em 2019 como resultado de um projeto vinculado à Proteção de Dados do Consumidor, realizado com a participação da Autoridade da Concorrência. Nesse caso, a obrigação de abertura recai sobre os 4 maiores bancos australianos, que devem conceder acesso às transações de cartão de débito e crédito, conta corrente, empréstimo à habitação e empréstimo pessoal.

Ainda há quem esteja adotando voluntariamente o sistema. É o caso da Nigéria, onde, em 2017, um grupo de banqueiros e fintechs se uniram para adotar regras comuns para dados abertos. Em Cingapura, a adoção também é voluntária, mas a Autoridade Monetária Nacional está liderando o processo.

Por fim, podemos ver que a maior diferença entre o modelo brasileiro e o modelo internacional é que o formato implementado no Brasil é mais abrangente do que em alguns países, pois engloba não apenas produtos essencialmente bancários, mas também câmbio, previdência privada, investimentos e operações de seguros. É o chamado Open Finance em ação.

Quem tem direito ao benefício É aí que reside o verdadeiro potencial do open banking, pois o acesso adequado aos dados de uma pessoa permite que terceiros criem aplicativos e produtos mais poderosos, personalizados e customizados para diversos nichos e segmentos sociais.

Para um indivíduo que possui várias contas bancárias, o Open Banking permitirá que ele verifique todas as suas transações em uma única interface por meio de aplicativos agregadores de contas, que podem até movimentar fundos entre uma conta e outra caso o saldo seja negativo em uma determinada instituição. Esse mesmo aplicativo, com inteligência artificial embutida, pode ajudar o indivíduo a organizar melhor suas finanças sugerindo produtos financeiros com melhores taxas ou até mesmo ajudá-lo a economizar.

No que diz respeito aos micro, pequenos e médios empresários, o Open Banking vai permitir-lhes controlar melhor o seu fluxo de caixa, conciliar pagamentos, gerir inventários e integrar toda a referida informação com o seu prestador de serviços de contabilidade, que terá à sua disposição à sua disposição todas as informações transacionais da empresa. Isso significa não precisar mais exportar arquivos diferentes de bancos diferentes para serem consolidados em uma única visualização. Com informações mais precisas, será mais fácil para o empreendedor conseguir crédito com taxas mais baixas.

No Brasil, o Open Banking tem o poder de incluir cerca de 45 milhões de brasileiros "subfinanciados" - pessoas que hoje não têm acesso ao crédito por não terem histórico financeiro suficiente para fornecer dados básicos para uma melhor análise de risco, sem os quais não podem obter financiamento para comprar, por exemplo, um imóvel, um carro ou eletrodomésticos.

Conclusão Antes do Open Banking, os bancos trabalhavam em um modelo vertical de produção e vendas. Ou seja, o banco criava seus produtos, distribuía e vendia por meio de canais próprios (agências, caixas eletrônicos, internet e mobile banking e correspondentes bancários). Mas com o Open Banking, o modelo de distribuição mudará completamente. Os produtos financeiros poderão ser distribuídos dentro de um ecossistema de fornecedores, utilizando interfaces e marcas distintas do produtor.

Assim, o modelo de negócios tradicional será transformado em um mercado baseado em plataforma e com uso intensivo de dados, onde vários provedores de serviços financeiros competirão continuamente para oferecer produtos personalizados com as melhores taxas aos clientes. A batalha será na interface e na experiência do usuário.

Diferentemente de um meio de pagamento, que transforma a experiência do usuário no check-out, o Open Banking tem potencial para transformar a sociedade.