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O amargo remédio do Banco Mundial

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31 de janeiro 2020

A proposta do Banco Mundial e do FMI, se levada adiante, pode criar um novo arcabouço de tarifas e taxas que serão cobradas dos clientes, prejudicando a população. É importante reforçar que qualquer decisão pode implicar na reorganização da distribuição de dinheiro em todo o país.

O artigo “Como aumentar o uso de cartões de débito no Brasil”, publicado no dia 28, utiliza informações incorretas sobre a atuação do Banco24Horas. A plataforma não é a única rede “interoperável” no Brasil para transações em caixas eletrônicos. De acordo com o Banco Central, o número de caixas eletrônicos abertos chega a 42% do total de 176 mil unidades (mais de 70 mil caixas eletrônicos).

O estudo cita que a baixa interoperabilidade se traduz em custos operacionais mais elevados para o sistema e o México é mencionado como exemplo de “sistema interoperável”. No entanto, existem dois Sistemas Interoperáveis de Pagamentos (SIPs) no México: a E-Global que pertence a dois grandes bancos; e a RED que conecta os demais, onde o acordo multilateral resultou-se improdutivo, levando os bancos a buscarem acordos bilaterais que faziam mais sentido. Somado a isso, a cobrança de taxas por saque recaiu sobre os clientes, fazendo com que as pessoas usassem apenas os caixas eletrônicos dos bancos onde possuem conta.

Citada como o único SIP do Reino Unido, a LINK não é o único switch de transações naquele país. Também é possível utilizar as estruturas das “redes internacionais de cartões”, lembrando que uma delas adquiriu a Vocalink e pode atuar tanto como operadora ou processadora. O efeito colateral dessa estruturação somado ao modelo de distribuição de dinheiro no mercado britânico têm inviabilizado a operação em algumas localidades, trazendo dificuldades de acesso ao dinheiro à população.

A situação no Brasil não é defasada como o estudo tenta nos fazer acreditar. O Banco Central do Brasil afirma que existem 257.570 pontos de atendimento de serviços financeiros em território nacional. Todos os municípios brasileiros são atendidos fisicamente por correspondentes bancários, caixas eletrônicos ou pontos de atendimento em diversos estabelecimentos comerciais.

Diferentemente das afirmações do colunista, existe solução de mercado para facilitar ainda mais e desintermediar o acesso das fintechs aos serviços do Banco24Horas. O lançamento do HubDigital, em 2019, pela TecBan, demonstra que o mercado brasileiro tem respostas adequadas às tendências e transformações da sociedade e do sistema financeiro. E já é uma realidade em todas as regiões do Brasil. Somente em janeiro, a plataforma criada para integrar instituições de pagamento, fintechs e bancos sociais ao Banco24Horas registrou a adesão de 10 novas instituições com perfil digital.

São bem-vindos estudos com dados, fatos, números, estatísticas e informações corretas que traduzem a realidade, trazem novos modelos e ajudam a definir novos avanços. O remédio amargo proposto pelo Banco Mundial, se implantado, implicará em cobrança de tarifas para a população. Escolher com cuidado os próximos passos é essencial, sob o risco de afetar negativamente um sistema que já mostrou o benefício de soluções de compartilhamento. É preciso trazer à mesa a perspectiva da relação de custo e benefício para a população. É ela que paga a conta.

*Jaques Rosenzvaig, Diretor Geral da TecBan e Membro do Conselho Global da ATMIA (Associação da Indústria Mundial de ATMs)