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3 países que são referências em inovação e suas principais lições.

3 países que são referências em inovação e suas principais lições

22/09/2022 21 min de leitura

3 países que são referências em inovação e suas principais lições

Singapura, Israel e Suécia são exemplos de inovação em diversos setores da sociedade. O que está por trás do sucesso dessas nações e o que podemos aprender com eles? 

Desde o advento da globalização, que possibilitou o desenvolvimento de diversos países ao redor do mundo graças a troca de recursos, tecnologias e informações, muitas nações se destacaram como polos de inovação em diversos setores da atividade humana e contribuíram significativamente para o progresso da humanidade. A seguir você confere alguns países que lideram há bons anos a vanguarda das inovações mundiais.

Singapura

Um dos grandes Tigres Asiáticos, Singapura transformou-se em referência quando se trata de inovação em pouco mais de quatro décadas. De uma ilha extremamente pobre em meados dos anos 60, hoje a nação figura como o quarto país mais rico do mundo em termos de PIB per capita, onde cada habitante possui uma renda anual estimada em 131.580 dólares, segundo dados de abril de 2022 retirados do FMI (Fundo Monetário Internacional). Mas como esta pequena nação conseguiu evoluir tanto em tão pouco tempo?

Após a independência do Império Britânico e da Malásia, Singapura passou por uma série de políticas econômicas de desenvolvimento lideradas pelo então primeiro-ministro do país Lee Kuan Yew, que ficou no cargo por mais de 30 anos. Seu programa de reformas focou em apoiar indústrias fundamentais do país, ao passo que setores básicos como educação e saúde foram ampliados. Ademais, o governo estimulou o investimento estrangeiro através de diversos incentivos, permitindo um fluxo de capital mais livre e atraindo diversas empresas internacionais e líderes em inovação ao longo das décadas. Complementando isso, o país assinou diversos acordos de livre comércio, como a APEC (Cooperação Econômica Ásia-Pacífico), sendo esta uma das maiores (senão a maior) aliança econômica do mundo, unindo as principais potências do planeta como EUA, China e Japão.

Outro ponto importantíssimo que contribuiu enormemente para o desenvolvimento  de Singapura é o fato do país estar localizado na saída do Estreito de Malaca, local onde a maior parte do comércio marítimo internacional passa. A região é a principal via de navegação entre o Oceano Índico e Pacífico, o qual liga as principais economias asiáticas, como China, Índia, Japão, Coréia do Sul e naturalmente Singapura. Todos esses fatores somados contribuíram para que o pequeno país insular se transformasse de um mero entreposto comercial para a economia pujante e referência em inovação de hoje.

E como é que essa inovação se apresenta? Simplesmente pelo fato de Singapura ser um dos maiores produtores de startups do mundo, se consolidando ao longo dos anos como um celeiro desse tipo de empresa. Em 2003, o número de startups no país era de 22 mil. Já em 2020, esse número passou a ser de 55 mil aproximadamente, um salto de 150% dentro desses 17 anos. Ademais, o país também abriga sedes regionais de gigantes que são referência em inovação como Google, Microsoft e HP.

Dentre as muitas startups que levam o estandarte da inovação no país, se destacam a Advance Intelligence Group, startup que construiu um ecossistema de produtos e serviços habilitados para crédito com inteligência artificial, utilizado pelas maiores empresas da Ásia, a M-Daq, startup especializada em pagamentos transnacionais que permite aos clientes cadastrados em plataformas de e-commerce comprarem em sua moeda local, enquanto os comerciantes recebem o pagamento em sua moeda preferida e a Bolttech, startup especializada no mercado de seguros que fornece um conjunto completo de recursos digitais e orientados por dados que capacitam as conexões entre seguradoras, distribuidores e clientes, tornando mais fácil e eficiente a compra e venda de produtos de seguro e proteção, sendo algo bem semelhante à solução de Open Insurance da TecBan, voltado para as seguradoras e corretoras do ramo.

Mas nem só de startups vive Singapura. Nos últimos anos, o país vem se destacando na inovação de soluções para um futuro mais sustentável. A agência nacional de águas de Singapura pretende instalar um dos maiores sistemas fotovoltaicos flutuantes do mundo, gerando energia verde suficiente para atender todas as operações das estações de tratamento de água da nação. Com isso, Singapura terá um dos poucos sistemas de distribuição de água do mundo operando totalmente com energia renovável, além de reduzir sua pegada de carbono. 

Outra inovação importante é a apresentada pela Sky Greens, líder mundial em tecnologias de produção sustentável de alimentos. O sistema da empresa é formado por calhas de alumínio dispostas em estruturas em forma de tesoura que permitem cultivar 10 vezes mais hortaliças com 95% a menos de uso de água em comparação com a agricultura tradicional de campo aberto. 

Há também o projeto desenvolvido por uma equipe de cientistas da Universidade Tecnológica de Nanyang que consiste em um método de transformação de resíduos plásticos em substâncias químicas reutilizáveis, como o ácido fórmico, muito usado em células de combustível com o propósito de gerar eletricidade. Desse modo, o projeto objetiva, através de energias limpas como a luz solar, buscar alternativas à utilização de combustíveis fósseis que são prejudiciais para o planeta, além de reduzir também, a quantidade de lixo plástico que o país gera, criando uma inovação sem precedentes para a diminuição do impacto ambiental em Singapura.

Israel

Este pequeno país encravado no oeste do Levante tinha tudo para dar errado. Apesar da história milenar, o país só veio a existir recentemente, em meio ao conflito interminável do Oriente Médio. Desde sua fundação em 1948, ele passou (e ainda passa) por uma série de tensões entre os demais países da região, devido às diferenças étnicas, culturais e, principalmente, religiosas. Mas, como uma nação desértica, com poucos recursos naturais e marcada por conflitos conseguiu se tornar referência mundial em inovação?

Ironicamente, este último ponto foi um dos principais motivos que levaram Israel ao posto de destaque que ocupa hoje. Devido aos conflitos, o alistamento militar no país é obrigatório, tanto para homens quanto para mulheres. Isto contribui para que grande parte do orçamento do país vá para a defesa, e com posse desse dinheiro, o exército acaba criando uma série de tecnologias inovadoras que mais tarde beneficiam a população civil, devido ao treinamento que os soldados levam para suas vidas após o período de alistamento obrigatório. Para se ter uma ideia, mais de mil empresas foram fundadas por ex-militares de inteligência e tecnologia do exército israelense, entre elas o Waze, um dos serviços de GPS mais populares do mundo.

Outro grande fator que contribuiu para Israel ser um país modelo em inovação é o fato de grande parte de sua população ser formada por imigrantes refugiados ao longo de sua história. Cerca de 75% do país é formado por imigrantes ou filhos de imigrantes. Para se ter ideia, após a queda da União Soviética, cerca de 1,5 milhão de judeus-russos emigraram para Israel. Grande parte deles, profissionais de ramos fundamentais para o desenvolvimento e inovação de um país, como engenheiros e cientistas.

Ademais, emigrar envolve assumir riscos e uma série de complicações podem vir a acontecer durante a jornada. Esse fator, somado à cultura militar da nação levantina de prezar por conceitos como organização, responsabilidade e trabalho em equipe, ajudaram a criar um povo resiliente que, mesmo diante de fracassos e obstáculos aparentemente insuperáveis, continua mantendo uma postura positiva que busca sempre se reinventar. Falhar não é visto com maus olhos, mas sim como um aprendizado do que não fazer e acertar da próxima vez. Isso explica a aptidão de Israel para o empreendedorismo e inovação, pois empreender ou tentar inovar algo, invariavelmente envolve assumir riscos e enfrentar dificuldades.

Outro fator que explica o sucesso de Israel quando o assunto é inovação é o tamanho diminuto do país. Inevitavelmente, milhares de profissionais, investidores e empreendedores acabam se conhecendo e expandindo sua rede de networking e, levando em conta o mercado interno pequeno que o país possui, as soluções que encontram e as empresas locais que nascem de suas mãos tendem a surgir pensando para fora, oferecendo soluções com foco global. Isso acaba expandindo a competitividade do país no cenário internacional, dando um destaque ainda maior para a nação israelense. Um exemplo dessa integração condensada pode ser vista na chamada “Tech Mile”, uma área de cerca de 2,6 quilômetros localizada no centro de Tel Aviv que abriga a maior parte das 800 empresas de tecnologia que a cidade possui, sendo referência em inovação. Graças a isso, a urbe israelense foi eleita pela startup de pesquisas Blink como a sétima melhor cidade do mundo para empresas do ramo.

Além dessa propensão empreendedora da população, o governo de Israel contribui significativamente para que o país continue figurando como um dos principais locais para inovação do mundo. Cerca de 5% do PIB do país é destinado para Pesquisa e Desenvolvimento, proporcionalmente mais que qualquer país existente, e o maior número de pesquisadores por trabalhador do planeta, sendo 17 em cada 1000. Todas as universidades do país possuem um centro de inovação para ajudar os alunos a desenvolverem ideias da forma mais eficiente possível e há uma série de colaborações das mesmas com programas governamentais e empresas privadas que contribuem ainda mais para o desenvolvimento do país.

Todos esses esforços, tanto da população quanto do governo, renderam frutos. Graças a essa propensão à inovação em meio às adversidades, Israel se tornou um hub tecnológico extremamente fértil para o nascimento de startups. Se Singapura é o celeiro delas, Israel é a fazenda. O país possui o maior número de startups per capita do mundo, sendo mais de 6000 até o ano passado, o que dá cerca de 1 startup para cada 1.400 habitantes, além de mais 300 centros de P&D de gigantes da inovação como IBM, Intel, Google, Amazon, GE, Apple, Microsoft, Oracle entre outras.

O país possui inúmeros setores de destaque como agtech, foodtech, cyber, segurança, inteligência artificial e saúde que produzem milhares de startups que dão aula quando o quesito é inovação. No agtech por exemplo, setor que Israel se destaca bastante, há um foco muito grande no desenvolvimento de soluções que utilizam-se de inteligência artificial para identificar doenças nas lavouras como os criados pelas startups Farm Dog, Taranis, NeoTop e STK sendo especialistas em temas como agricultura de precisão, sistemas de economia no uso de água e criação de fertilizantes e pesticidas a base de plantas.

Já no setor de foodtechs, a inovação se vê presente na busca de soluções que visam evitar o desperdício, como a Trellis, que através do uso de inteligência artifical em nuvem, otimiza a cadeia de produção entre fabricantes de alimentos e bebidas, produtores e empresas varejistas, assegurando o quanto de bens estão sendo computados, em termos de quantidade, qualidade e preços. Outra startup, a Kiinns, desenvolveu um sistema inovador que reduz gastos e diminui o impacto ambiental, por meio da eliminação da necessidade de limpeza de equipamentos de processamento de alimentos.

Outros exemplos de inovação incluem a Orasis Pharmaceuticals, que criou um colírio que corrige a visão do usuário por 8 horas, acabando com a necessidade do uso de óculos ou lentes, a Aleph Farms, primeira no mundo a produzir bifes a partir de células de carne utilizando engenharia 3D, a Flying Spark que usa larvas de moscas de fruta para sintetizar uma proteína que imita carnes de frango, peixe ou bovina e a Mybiotics, que desenvolveu uma tecnologia de desenvolvimento de probióticos que elevam a resistência de bactérias boas às condições gastrointestinais.

Todos esses exemplos demonstram a aptidão que o país possui para o desenvolvimento de startups inovadoras. Contudo, além delas, há inúmeros exemplos de contribuições e inovações realizadas pelos israelenses que podem ser citados. Dentre muitas, o país é responsável pela invenção do pen-drive, o ICQ (um dos primeiros programas de mensagem instantânea), o sistema de segurança Firewall, a plataforma de criação de sites Wix, o dispositivo de assistência a motoristas MobileEye, a técnica de micro-irrigação e o já citado Waze.

Suécia

Localizada no norte europeu, a Suécia ocupou em 2021 o segundo lugar no Índice Global de Inovação, publicado pela Organização Mundial da Propriedade Intelectual (OMPI). Mas o que fez com que o frio país escandinavo, com rigorosos invernos, conquistasse uma posição de destaque nesse ranking, bem como ser um dos países mais desenvolvidos e com maior IDH do mundo?

A resposta para isso está no desenvolvimento secular de longo prazo da nação sueca. O país percebeu ainda no século XIX que a educação era o principal agente transformador de um país e que, através dela, não somente as condições de vida da população poderiam vir a melhorar, mas  o país poderia garantir uma posição de destaque importantíssima no cenário mundial, se tornando futuramente uma referência quando o assunto é inovação.

Desde 1842, o país introduziu o ensino obrigatório para crianças de 7 a 13 anos (hoje de 6 a 15 anos). Este movimento, associado com a cultura de bem-estar social que o país promove, criou uma conjuntura sem precedentes, pois além de elevar o nível geral das condições e educação dos habitantes, foi fundamental para a passagem da Suécia de uma pobre nação agrícola, para um país próspero, líder em inovação. Hoje, cerca de um terço da população possui ensino superior completo.

Além de todo esse investimento na área educacional, o governo sueco também aposta em diversas iniciativas para o desenvolvimento da inovação no país. Assim como Israel, a Suécia investe boa parte de seu PIB em pesquisa e desenvolvimento, sendo este valor superior a 3% e há uma série de órgãos governamentais que auxiliam esse setor, como a Agência Vinnova, que desempenha um papel fundamental no financiamento de projetos em uma ampla gama de áreas, como a industrial, saúde, transporte e até cidades inteligentes, a Knowledge Foundation, que financia o setor de P&D e inovação em diversas universidades pelo país e A Agência Sueca para o Crescimento Econômico e Regional que fomenta a competitividade e empreendedorismo no país.

A inovação sueca possui diversos campos de destaque, porém tecnologias sustentáveis e que promovem o bem-estar social são os diferenciais do país. A Suécia aloca boa parte de seus investimentos no desenvolvimento de soluções que possuam uma visão holística dos problemas que a humanidade enfrenta. Dessa forma, a maior parte das inovações que possam vir a existir, levam em consideração não somente a resolução de adversidades, mas sim, auxiliar o desenvolvimento social de diversos povos e preservar os recursos naturais do planeta.

Isso se observa na lista de criações do país escandinavo que ajudaram a salvar milhões de vidas em todo o mundo. Dentre as inovações realizadas pelos suecos se destacam o marca-passo, o cinto de segurança de três pontos, que se tornou padrão no mundo todo, a embalagem de longa vida Tetra Pak, que revolucionou a conservação de alimentos perecíveis por longos períodos, o leite de aveia, fundamental na dieta de milhões de pessoas veganas ou com problemas de intolerância à lactose, os fósforos de segurança que utilizamos há mais de 100 anos e até a fabricante de automóveis Volvo, conhecida por produzir os automóveis mais seguros do mundo, o que só solidifica ainda mais a posição de liderança do país na construção de uma sociedade mais humana e acolhedora.

Como já dito, tal qual Singapura, a Suécia também possui tradição na chamada eco-inovação, sendo esta, uma estratégia chave na política ambiental do país. A nação escandinava está na vanguarda quando se trata do desenvolvimento de novas tecnologias sustentáveis em áreas como bioenergia, gestão de recursos hídricos, construção verde, resíduos e reciclagem, tecnologias de veículos verdes, redes inteligentes e energias solar e oceânica. 

A título de citação, uma das maiores inovações do país nesse setor foi com o Oceanbird, um gigantesco cargueiro movido à energia eólica que, segundo a fabricante Wallenius, emite 90% menos CO2 que os cargueiros tradicionais, apesar de também ser mais lento, justamente por não utilizar combustíveis fósseis. Porém, devido a grandiosidade do projeto, os fabricantes estão certos de que o Oceanbird será um modelo exemplar para o desenvolvimento de futuras embarcações sustentáveis.

Além dessas áreas, a Suécia também é referência em inovação no setor da tecnologia, graças à iniciativa do governo em investir massivamente na infraestrutura das telecomunicações e internet do país. Desde a década de 1990 a população possui acesso a uma rede de banda larga muito bem desenvolvida e esse fator, associado a programas governamentais de empréstimo de computadores subsidiados, ajudaram a popularizar a internet entre os suecos rapidamente, criando uma sociedade digital muito a frente de seu tempo.

Isso se confirma quando se observa a aptidão do país em desenvolver inovações e fundar empresas voltadas para esse ramo. O maior serviço de streaming de música do mundo Spotify, o sistema de conexão Bluetooth criado pela Ericsson, a gigante do setor de eletrodomésticos Electrolux, a líder mundial em produtos motorizados Husqvarna, o serviço pioneiro de videoconferência Skype e a já citada Volvo são algumas das contribuições e empresas suecas que se tornaram referência dentro do setor tecnológico.

Conclusão:

Com todos esses exemplos, não é difícil de imaginar porque estes países ocupam uma posição de destaque quando se trata de inovação. Apesar de não possuírem laços históricos de terra, cultura ou língua, todos compartilham em comum uma história bem semelhante. Eram países sofridos ou com poucos recursos, que diante das dificuldades que enfrentavam tinham duas opções: ou aceitavam a realidade que lhes era imposta ou a encaravam e tentavam a transformar com o que tinham. Apesar de todos os obstáculos enfrentados, hoje eles colhem os frutos dessa decisão e oferecem soluções que melhoram o dia-a-dia não apenas de seus povos, mas de milhões de pessoas pelo mundo todo.